Fisioterapia na criança neurológica
O tratamento de lactentes e crianças é um dos aspectos mais desafiadores e recompensadores da fisioterapia. A prática clínica competente nesta área requer conhecimento das muitas diferenças fisiopatológicas que existem entre os lactentes, as crianças e os adultos. A compreensão de todos os aspectos singulares envolvidos nos distúrbios neonatais e pediátricos pode auxiliar o fisioterapeuta a fornecer um tratamento de qualidade a essa população de pacientes.
A fisioterapia desempenha um papel essencial no tratamento e na gestão das crianças com condições neurológicas, como paralisia cerebral, lesões cerebrais traumáticas, distúrbios do desenvolvimento neurológico e outras condições que afetam o sistema nervoso central e periférico. O objetivo da fisioterapia na criança neurológica é maximizar o potencial de desenvolvimento, promover a independência funcional e melhorar a qualidade de vida da criança.
Aqui estão algumas das principais áreas de atuação da fisioterapia na criança neurológica:
1. Avaliação Funcional: O processo começa com uma avaliação abrangente das habilidades motoras, posturais e funcionais da criança, bem como das restrições e desafios específicos que ela enfrenta em suas atividades diárias. Isso ajuda a identificar metas terapêuticas individuais e a desenvolver um plano de tratamento personalizado.
2. Estimulação Precoce: Para bebês e crianças pequenas, a fisioterapia neurológica se concentra em fornecer estimulação precoce para promover o desenvolvimento motor e sensorial. Isso pode incluir técnicas de posicionamento, exercícios de estimulação sensorial, brincadeiras e atividades que visam fortalecer os músculos, melhorar o controle da cabeça e do tronco, e promover a integração sensorial.
3. Treinamento de Marcha e Movimento: Para crianças mais velhas, o foco pode ser no treinamento de marcha e movimento, visando melhorar a mobilidade, a estabilidade postural e a coordenação. Isso pode envolver exercícios de fortalecimento muscular, treinamento de equilíbrio, técnicas de marcha assistida e uso de dispositivos de assistência, como órteses e andadores.
4. Terapia Aquática: A terapia aquática é frequentemente utilizada na fisioterapia neurológica para proporcionar um ambiente de baixa gravidade que facilita o movimento e a mobilidade. A água proporciona suporte e resistência, permitindo que a criança realize movimentos mais livres e fluidos, enquanto melhora a força muscular, a coordenação e o equilíbrio.
5. Terapia Manual e Mobilização Articular: Técnicas de terapia manual e mobilização articular podem ser usadas para melhorar a amplitude de movimento das articulações, reduzir a rigidez muscular e promover uma postura mais funcional. Isso pode incluir alongamentos, massagem terapêutica, manipulações articulares e liberação miofascial.
6. Integração Sensorial: A fisioterapia pode ajudar a criança a desenvolver habilidades de integração sensorial, facilitando a resposta adaptativa aos estímulos sensoriais do ambiente. Isso pode incluir atividades sensoriais estruturadas, técnicas de regulação sensorial e adaptações ambientais que ajudam a criança a se sentir mais confortável e segura em seu ambiente.
7. Educação e Orientação Familiar: Além do tratamento direto da criança, a fisioterapia neurológica envolve fornecer suporte e orientação aos pais e cuidadores sobre técnicas de cuidado em casa, estratégias para promover o desenvolvimento motor e adaptações ambientais que facilitam a participação da criança em atividades cotidianas.
A fisioterapia desenvolveu-se muito nos últimos anos em função das necessidades assistenciais que cada vez mais exigem soluções objetivas nesta área. Esta especialidade, por suas características, proporciona ao paciente técnicas terapêuticas que resultam em melhor qualidade de vida. A atuação desse profissional cada vez mais se integra ao programa de assistência médica que visa não apenas a recuperação do paciente, mas também a prevenção de possíveis complicações.
Em vista disso, torna-se cada vez mais importante o amplo conhecimento da patologia a ser tratada e, principalmente, suas diferentes manifestações em cada paciente.
O tratamento fisioterapêutico de uma criança com afecção neurológica pode ser bastante diversificado. Atualmente, existem inúmeros métodos e técnicas terapêuticas que visam o mesmo objetivo, porém sob diferentes pontos de vista e de diversas maneiras.
Ao tratar uma criança especial é conveniente que o terapeuta use um sistema com vistas a avaliar a qualidade de um determinado movimento ou função que ele está visando presentemente a melhorar. Durante o tratamento é usada uma abordagem de resolução de problemas, a fim de melhorar a capacidade funcional e a qualidade do movimento do paciente através da alteração dos sintomas apresentados. A informação sobre a própria lesão não serve apenas para maiores conhecimentos, mas para aprofundamento de sua compreensão. Cada paciente tem sua particularidade, cada paciente é único. Portanto, o tratamento sempre será diferenciado, mesmo que a patologia for a mesma. Cada indivíduo reage de uma maneira diferente e, de igual forma, pode-se dar a do seu quadro clínico.
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É importante numa sessão de fisioterapia verificar constantemente se o paciente melhorou em decorrência do procedimento terapêutico selecionado. Segundo Bobath, um dos ícones da fisioterapia neurológica, “a única resposta à pergunta se o que você está fazendo com o paciente é certo, é a reação do paciente ao que você está fazendo”.
O tratamento de uma criança neurológica não deve nunca tornar-se estático, mas continuar a desenvolver-se cada vez mais, de acordo com as necessidades do paciente. Durante as sessões, todo o esforço deve ser feito para que o paciente dê passos além das limitações aparentes de si próprio. Os desafios propostos durante o programa de reabilitação devem estar igualmente compatibilizados com as habilidades. Se a capacidade do paciente satisfaz o desafio, as sessões de fisioterapia tornam-se mais estimulantes e aprazíveis para os pais e muito mais produtivas para o paciente.
Enfim, o tratamento de fisioterapia neurológica deve sempre estar disponível ao paciente enquanto ele continuar a melhorar sua qualidade de vida, e certamente até que ele seja capaz de “mover-se” livremente fora dos limites da sua casa.
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