Desenvolvimento Motor Anormal
É qualquer interferência dentro do processo de desenvolvimento motor normal.
Uma criança com atraso no desenvolvimento motor terá como conseqüência algum déficit neurológico.
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A pediatria trabalha com a facilitação do aprendizado motor, ou seja, o fisioterapeuta começa a dar suporte para que a criança possa aprender o movimento. O fisioterapeuta funciona como uma extensão do SNC da criança, pois trabalha com pontos chaves para que ela consiga adquirir o movimento. Já com o adulto se trabalha com o reaprendizado, ou seja, com a memória.
Quanto mais nova for a criança, mais difícil de se identificar que ela tem atraso motor, e mais difícil ainda é saber o que esta faltando para essa criança.
Provas de Atividades Reflexas e Avaliação Funcional
A criança difere do adulto porque ela ainda não tem adquirido algumas habilidades motoras, simplesmente porque a criança não tem a maturação do SNC.
A criança nasce sem a integração dos sistemas; os engramas ainda estão se formando, e com a maturação do SNC (a partir do momento em que os sistemas vão aumentando) é que ela vai adquirindo novas habilidades motoras.
Muitas vezes a criança nasce com algumas atitudes típicas de organismos mais primitivos como a medula e o mesencéfalo. A partir do seu desenvolvimento os sistemas vão se integrando e esses sistemas mais baixos vão ficando, de uma certa forma, mais deprimidos. Surgem sistemas mais superiores, mais desenvolvidos que, obviamente interagem com os sistemas medular e mesencefálico.
Com o SNC maturado, desenvolvido, quem começa a prevalecer sobre os outros sistemas é o córtex, mas interagindo ao mesmo tempo.
Teoria dos Sistemas:
Os sistemas interagem o tempo inteiro, cada um tem a sua função, a sua informação e a sua importância. O que estabelece a maturação é a integração de todos os sistemas com o córtex e vice-versa.
Ao nascer, a criança vai apresentar alguns reflexos típicos de um recém-nascido; e a partir de uma faixa etária deixa de ser reflexo, o que a criança apresenta é muito mais uma reação.
Chama-se reflexo quando é uma atitude involuntária primitiva, ou seja, quando parte de um sistema mais inferior ao córtex (medular, mesencefálico).
Chamam-se reações quando são ditadas de estruturas mais superiores (córtex).
Obs: Ao nascer a criança não tem nenhuma reação ainda, pois as reações são caracterizadas pela maturação do sistema nervoso.
ü Reflexos:
Ao nível de Tronco Encefálico:
§ Reflexo de Liberação de Vias Aéreas:
Quando colocado em DV, o recém-nascido é capaz de realizar uma lateralização da cabeça para um dos lados (mesmo sem conseguir retificar o pescoço) para liberar as vias aéreas.
Obs: Em nível de ponte, bulbo.
â Ocorre no 1o mês, pois depois a criança já vai adquirir força, ou seja, vai lateralizar a cabeça usando força.
§ Reflexo de Fuga:
Ao fazer um estímulo na planta do pé da criança em DD, ela puxa a perna (tríplice retirada) numa tentativa de fugir desse estímulo mais doloroso.
â Ocorre no 1o mês.
Obs: Este reflexo é ao nível de MEDULA.
§ Reações de Posicionamento:
A criança permanece na postura que é colocada.
â Ocorre no 1o mês.
§ Reflexo de sucção:
Ao encostar o bico do peito na criança ela suga.
â Ocorre a partir do 6o mês intrauterino.
â Quando a criança chega ao 22o dia de vida e ainda não faz sucção, é indício de que é uma criança patológica grave e que ela não será mais capaz de faze-lo.
§ Reflexo de Morder:
Esse reflexo é o esboço do reflexo de sucção, é um abrir e fechar da boca.
â Ocorre até ± a 3a semana.
§ Reflexo dos Pontos Cardiais (teste de procura):
Ao tocar nos pontos da boca da criança ela procura.
§ Reflexo de Gallant:
Colocando a criança em DV e estimulando a musculatura paravertebral de um dos lados, ela se curvará para o mesmo lado do estímulo.
â Observado até ± 2o mês.
§ Reflexo de Marcha automática:
Quando colocado em pé numa mesa, com anteriorização de tronco, a criança é capaz de desencadear a marcha automática (flexão de uma perna e extensão da outra).
â ± 2o mês.
§ Reflexo de Vômito:
Ao introduzir o V dedo um pouco mais dentro da boca da criança, ela reage com vômito (reflexo de defesa para que ela não engasgue).
â Ocorre ± no 3o/4o mês.
â ± no 6o mês começa a introdução de papinha para a criança, e com isso, ela perde esse reflexo (perde essa sensibilidade nos primeiros 1/3 da língua para o vômito)
â ± no 7o/8o mês esse reflexo é visto durante o sono (na parte mais interna da língua).
§ Reflexo de Positiva de Suporte:
Quando a criança é colocada com os pés apoiados num suporte, visualiza-se uma co-contração dos MMII como uma resposta tátil proprioceptiva do próprio contato, dando uma aparência de pilar.
Obs: A resposta tátil proprioceptiva desencadeia uma isometria.
Esse reflexo é inibido quando a criança começa a ser capaz de apoiar em calcanhar (5o /6o mês).
§ Reflexo de Negativa de Suporte:
Ao tirar os pés da criança de um suporte, ela faz flexão.
§ Reflexo de Preensão Palmar:
Ao colocar a sua mão na mão da criança, ela reage com preensão.
â Esse reflexo é perdido quando a flexão fisiológica já diminuiu e a criança consegue descarregar peso na postura de PUPPY, ± no 6o mês.
â É um reflexo tátil proprioceptivo. (extremamente primitivo). Quando ocorre o amadurecimento do SNC e a criança começa a conseguir vencer a gravidade e sustentar peso sobre o braço ela começa a soltar os objetos (em torno do 6o mês).
Obs: Começa no recém-nascido, mas não é um reflexo típico de recém-nascido (bulbo, ponte). No 6o mês já é mesencefálico.
§ Reflexo de Preensão Plantar:
Ao colocar o dedo em baixo dos dedos da criança, ela reage com preensão.
â Esse reflexo é perdido ± no 5o/6o mês (apoio total de calcanhar)
â É um reflexo tátil proprioceptivo.
§ Reflexo Cutâneo Plantar:
Ao fazer um estímulo na lateral da planta do pé da criança, até 1 ano ela responde com abdução e extensão de hálux. Com 2 anos ela responde com flexão de hálux.
§ Postura de Opstótomo:
Obs: Nos casos mais graves, a extensão é tão grande que a criança chega a formar um arco.
Apoio em um dos calcanhares e occipital, pernas em tesoura (cruzada), flexão de punho e cúbito, rotação interna de úmero e boca aberta.
Algumas crianças fazem aumento de tônus em tesoura também em MMSS, ou seja, flexão de punho, extensão de cúbito, rotação interna de úmero e braços cruzados.
Obs: A criança engasga, pois não consegue engolir saliva.
§ RTL – Reflexo Tônico Labiríntico:
É desencadeado pelo posicionamento da cabeça (labirinto) no espaço.
Obs: Característica marcante do recém-nascido até ± o 2o mês, onde predomina o plano sagital.
Ao posicionar a criança na postura genopeitoral (quase DL) com a cabeça mais em extensão, ocorre um ligeiro aumento do tônus para extensão de todo o corpo da criança.
Ao posicionar a criança na postura genopeitoral (quase DL) com a cabeça mais em flexão, ocorre um ligeiro aumento do tônus para flexão de todo o corpo da criança.
â Até ± 2o mês.
Obs: O posicionamento do labirinto no espaço dita o aumento ou não do tônus. Posicionar o labirinto no espaço é de extrema importância para controlar um tônus patológico (criança ou adulto).
Numa criança com espasticidade, se você jogar o labirinto para trás, ela vai entrar numa espasticidade incontrolável.
O kique na bola “aumenta” ou normaliza o tônus mantendo uma maior retificação do tronco pelo labirinto.
Qualquer reflexo labiríntico é desencadeado pela musculatura nucal, ou seja, pelo posicionamento da cabeça no espaço. Eles vão mudar a distribuição tonal de todo o corpo da criança, pois o labirinto é um órgão totalmente ligado a distribuição de tônus muscular.
NUNCA se deve estimular reflexo numa criança patológica.
§ RTCA – Reflexo Tônico Cervical Assimétrico (reflexo do esgrimista):
Ao rodar (lateralizar) a cabeça da criança para um dos lados, observa-se uma maior extensão do MS e MI do lado do olhar e para o lado occipital, uma flexão do MS e MI.
â Observado desde o recém-nascido até ± 4 a 6 meses.
Obs: Numa criança normal o RTCA vai diminuindo gradativamente, e mesmo no recém-nascido, dificilmente esta criança permanece no RTCA por muito tempo.
O RTCA é a primeira noção que a criança tem dos lados direito e esquerdo, noção de transferência de peso.
Estímulo ao RTCA ® Estimular a criança pelo olhar
RTCA patológico ® Quando ocorre de forma abrupta ou permanece depois do 6o mês.
Obs: O recém-nascido e a criança patológica que entram em RTCA, também fazem uma curvatura na coluna (forma um C), uma flexão lateral do tronco.
§ RTCS – Reflexo Tônico Cervical Simétrico:
Quando se tem uma extensão da cabeça é desencadeado aumento do tônus extensor dos MMSS e aumento do tônus flexor dos MMII (gato olhando a lua)
Quando se tem ema flexão da cabeça é desencadeado aumento do tônus flexor dos MMSS e aumento do tônus extensor dos MMII (gato bebendo água).
â Observado até 4 a 6 meses (extremamente sutil).
Obs: Padrão total ® Criança patológica grave
As crianças mal trabalhadas usam esse padrão para se locomover (padrão coelho – usa a flexão e extensão da cabeça para se locomover, algumas crianças chegam a saltar).
§ Reações Associadas:
As reações associadas são observadas em crianças hemiplégicas (não é o movimento normal), que ao tentar realizar um movimento do lado são, aumentam o tônus do lado hemiplégico.
Obs: Reação associada é quando ocorre aumento de tônus, ou seja, é um movimento anormal, como se o lado lesado tentasse auxiliar o movimento. Ocorre principalmente quando a criança tenta realizar um grau de força que represente uma maior dificuldade para ela.
Ao nível Mesencefálico:
§ Reação Cervical de Retificação:
Quando a cabeça da criança é rodada para um dos lados (ativo ou passivo), segue-se a rotação com o corpo como um todo em direção ao lado onde a criança foi virada.
É a criança virar em bloco, também desencadeado pelos músculos cervicais.
â Observado do nascimento até no máximo 6 meses.
§ Reação Corporal Agindo sobre o Corpo:
Ela modifica a reação cervical de retificação, introduzindo uma rotação no tronco entre os ombros e o quadril. A criança pode iniciar o virar pelo ombro, o corpo agora dissocia, o quadril segue mais tarde ou ao inverso.
É o rolar dissociado.
â Observado do 6o ao 8o mês (experimento do plano rotacional).
§ Reação Labiríntica de Retificação:
Ela serve para manter a cabeça em posição normal no espaço. É fraca no recém-nascido e realmente presente no 4o ao 6o mês.
â Começa do 4o ao 6o mês.
Obs: Persiste por toda a vida.
Quando se esta de pé e transfere-se peso para um dos lados, a cabeça lateraliza, o tempo inteiro o labirinto tenta manter a retificação.
Quando você sai do seu eixo de gravidade, o corpo tenta retificar, e isso sempre começa pela cabeça.
A criança que não sustenta a cabeça nunca vai conseguir uma marcha biomecanicamente correta, não vai conseguir os outros movimentos normais, e também não vai normalizar tônus. O controle de cabeça é o primeiro passo que tem que ganhar, principalmente em crianças até 1 ano.
§ Reação de Retificação Corporal Agindo sobre a Cabeça:
Estimulando-se simetricamente a superfície do corpo e colocando em contato com uma superfície de apoio, a cabeça também se apoia nessa superfície.
Obs: Paciente parkinsoniano ao deitar não apóia a cabeça (encaixa o queixo).
§ Reação de Anfíbio:
Quando a criança é colocada em prono (DV) e levantamos um lado da pelve, o MI e MS do lado do estímulo se fletem.
â Observado do 4o ao 6o mês.
Obs: Estímulo ao arrastar.
§ Reações de Movimentos Automáticos:
- Reação de Moro:
Obs: É uma das maneiras da criança experimentar a extensão total do corpo.
Pode ser desencadeado por movimentos bruscos, sons, luz.
Ex: Apoiar a cabeça da criança, elevar o corpo e soltar (movimento brusco), bater palma na frente da criança.
Com a queda, a criança desencadeia uma extensão e abdução de caráter global dos 4 membros, seguida de uma flexão e adução.
â Observa-se extensão total até 4 meses, mas pode ter resquícios até 1 ano.
Obs: A ausência do Moro é sinal de lesão.
- Reação de Landau:
Colocando a criança em suspensão ventral, ela responde com um movimento de extensão da cabeça e quadril.
â Inicia-se por volta do 5o ao 6o mês e mais pronunciado do 7o ao 12o mês.
Obs: Do 7o ao 12o mês é comum observar extensão também dos MMII.
É uma reação que começa a ser desencadeada pela cabeça; uma criança sem controle de cabeça e com pouca força de tronco não consegue fazer isso.
- Extensão Protetora dos Braços ou Reação de Para-Quedas:
Colocar a criança em DV na bola e levar para frente, para os lados e para trás ou segurando a criança pela cintura, no ar, levar de encontro ao chão.
â Normal de 5o ao 6o mês para frente, 8o mês para os lados e 10o mês para trás.
Obs: A reação protetora para o lado esta totalmente ligada a melhora da reação de retificação.
Ao nível Cortical:
- Reações de Equilíbrio:
Ao colocar uma criança de 6 meses em DV numa prancha, já se consegue identificar a reação de equilíbrio. A criança realiza uma contração lateral, e mantém essa contração quando se desloca ou lateraliza a prancha.
Obs: Em DD a criança rola, ou seja, ainda não consegue manter o equilíbrio ao deslocar a prancha.
Com 8 meses a criança consegue responder ao equilíbrio quando colada em DD.
Com 12 meses a criança consegue responder ao equilíbrio quando colada na postura sentada.
Com 18 meses a criança consegue responder ao equilíbrio quando colada de pé.
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