Saiba tudo sobre lateralidade


O termo Lateralidade significa que o ser humano tem mais facilidade em utilizar um lado do corpo mais do que utiliza o outro lado, sendo em três níveis: mão, olho e pé. O ser humano tem um domínio maior em um dos lados. Este lado é chamado lado dominante, possui mais força muscular, mais precisão e mais rapidez. O lado não dominante é igualmente importante, porém apenas auxilia o trabalho do lado dominante. Os dois lados se complementam.

No que diz respeito ao nível da mão ou membros superiores podemos observar a dominância citando alguns exemplos: no vôlei enquanto uma mão segura a bola a outra mão bate na bola para sacar, ao fazer contas numa calculadora uma mão vai apenas auxiliar a outra que digita os números.

A dominância ao nível de olho observa-se quando pedimos para que alguém olhe pelo buraco da fechadura da porta, quando observamos através de um microscópio onde somente pode-se ver com um olho, quando miramos em algo.

A dominância ao nível de pé ou membros inferiores se percebe no momento em que uma pessoa chuta a bola: a perna não dominante dá apoio, sustenta a outra que chuta com força, quando pedimos para alguém pular de um pé só, sendo que ela não seja forçada a pular com uma ou outra perna.

Os dentistas afirmam também, que além desses três níveis, pode-se observar a lateralidade através de seus dentes. Segundo eles, o lado dominante fica mais gasto, mas nós, leigos no assunto, dificilmente podemos notar tal diferença.

Se a dominância em ambos os níveis for do lado direito, diremos que a pessoa é destra homogênea, se for do lado esquerdo é canhota ou sinistra homogênea. Se conseguir fazer os mesmos movimentos com facilidade tanto com o lado direito quanto com o esquerdo, é chamada de ambidestra.

Existe também a lateralidade cruzada. Isso ocorre quando a pessoa utiliza, por exemplo, utilizar a mão direita, o olho e o pé esquerdo ou qualquer outra combinação, podendo ter destralidade contrariada (um destro usando a mão esquerda) e sinistralidade contrariada (um sinistro usando a mão direita).

Os motivos que ocasionam um desvio da lateralidade são muitos: um acidente que provoque perda da mão ou paralisia. Se essa perda for do lado dominante, ela passa a usar o outro lado, sendo assim, a lateralidade leva o nome de falsa sinistralidade ou falsa destralidade, dependendo de qual mão ela utilizava.

Pode ser que a mudança de domínio manual se de pelo motivo de identificação com alguém, imposição dos pais e/ou professores ou por motivo afetivo a alguém, entre outros fatores.


Hipóteses Sobre A Prevalência Manual  

Visão Histórica: 

A prevalência da maioria das pessoas pelo lado direito deu-se a partir do momento em que os camponeses tiveram que se adaptar as ferramentas que já não eram mais feitas por eles, mas sim por determinadas pessoas.

Outro fato que determinou a maior destralidade foram as técnicas guerreiras, as quais ensinavam os homens a pegar a espada ou a lança com a mão direita, enquanto a mão esquerda protegia o coração com o escudo.

A Igreja também dizia que o lado direito representava a verdade, a bondade enquanto o lado esquerdo era considerado como anormal, terrível; sentido este que ainda é empregado em certas ocasiões.  

Hereditariedade: 

Esta hipótese diz que a preferência lateral é oriunda da transmissão hereditária. Essa hipótese não é muito aceita, pois pesquisas comprovam a presença de canhotos também em famílias completamente destras.

Este tipo de transmissão ainda é desconhecido, mas não pode ser descartado e nem se deve elevar este fato como principal determinante para a análise da lateralidade.  

Hipótese Da Dominância Cerebral: 

Esta hipótese diz que um dos lados do cérebro tem maior influência no controle e coordenação das atividades do que o outro, sendo que o cérebro funciona de forma cruzada. Isto significa que as pessoas que são destras o lado esquerdo do cérebro tem maior predominância e comanda as ações e vice-versa.

Influência Do Meio Psico-social-afetivo E Educacional:

Para esta teoria, a preferência por uma determinada lateralidade se dá através do aprendizado. Segundo a hipótese o meio tem grande influência, pois observamos ao nosso redor pessoas que trabalham com determinado lado e tentamos imita-la, ou isso nos é imposto pelos nossos pais e professores ou até mesmo por influência afetiva.

Mas é necessário que todas essas teorias sejam analisadas em um conjunto para poder tirar conclusões sobre o fenômeno da lateralidade.  


Evolução e Desenvolvimento Da Lateralidade

No início da vida quase não há prevalência: pega os objetos com as duas mãos, de forma proporcional para os dois lados.

A partir do segundo mês a criança acrescenta ações mais unilaterais, dependendo do tipo de movimento a ser realizado, estímulo, intensidade de movimento, local de atuação e condições do músculo tônus, que auxilia a manter a posição ereta do corpo.

Entre o quarto e o sétimo mês a criança não consegue segurar dois objetos ao mesmo tempo, um em cada mão; quando vê algo novo, larga o que tinha em suas mãos. Só no final deste estágio é que ele poderá executar a preensão de um outro objeto, sem largar o que já possuía.

Vale dizer que se colocarmos os objetos mais perto da mão direita, por exemplo, esta mão chegará antes e a repetição disso fará com que ela se aperfeiçoe nesta mão.

Com vinte e oito semanas, a criança pode segurar em uma das mãos um objeto enquanto abre a outra mão para segurar um outro.

Até um ano de idade não se verifica nenhuma preferência pelo uso de uma ou outra mão. A partir de um ano de idade uma mão se torna mais hábil, apresenta mais facilidade e começa a dominar mais. A lateralidade começa a se evidenciar neste período, mas só se pode falar em predominância entre os cinco e sete anos de idade.

A lateralidade deve surgir naturalmente e não deve ser imposta por outras pessoas. A criança precisa experienciar os dois lados sem ninguém interferir, os pais não devem direcioná-la. Não entregar objetos diretamente em suas mãos, e sim na frente dela para que ela pegue com a mão que desejar.

Segundo alguns autores, e temos que concordar por um lado, o meio ambiente foi feito pelo e para o destro, desde tesouras, algumas carteiras em sala de aula, até a escrita. Ela é realizada da esquerda para a direita e de cima para baixo e isto favorece o destro.

O canhoto apresenta duas espécies de dificuldades: as motrizes, pois ele inclina a sua mão para escrever; e as visuais, pois ele esconde com sua própria mão o que acabou de escrever, e se usar a caneta-tinteiro ele borra tudo à medida que escreve.

Com o tempo a sua postura pode ficar prejudicada, pois ele pende a cabeça ou deita sobre a carteira para conseguir ler o que escreveu, deve aprender virar a folha sem que prejudique a rotação de seu punho, já que isto pode lhe causar dores nos braços, cansaço, má postura, podendo desestimulá-lo para a escrita.

Existem também as dificuldades afetivas, pois o canhoto pode se sentir diferente dos demais. Eles também podem querer imitar uma pessoa que possui destralidade e com quem se identificam muito.

A pressão dos pais e professores é muito grande para a destralidade, pois os mesmos forçam as crianças para que aprendam a escrever com a mão direita. OS pais ensinam a trabalhar com a mão direita, reprimindo a iniciativa de querer utilizar a outra mão.

Na escola também há repreensão por parte dos professores, houve um tempo que a mão esquerda era amarrada atrás da carteira pelo professor, fazendo com que ela só escrevesse com a mão direita.

Na realidade o canhoto homogêneo tem as mesmas possibilidades que o destro homogêneo, basta que organize a si e a sua escrita de forma correta.

Algumas atividades como dança e a Educação Física tem incentivado muito o domínio dos dois lados, a ambidestria. Mas para Brandão, isto não é bom: "a criança para realizar atividades com rapidez é necessário que ela tenha uma especialização na mão esquerda ou direita, isto é, que ela tenha desenvolvido definitivamente a sua lateralidade".


Perturbações da Lateralização

Alguns efeitos negativos podem ser causados quando uma pessoa possui lateralidade cruzada ou má lateralizada:

  • Dificuldade em aprender a direção gráfica;
  • Dificuldade em aprender conceitos de direita e esquerda;
  • Comprometimento na leitura e na escrita;
  • Má postura, o que pode causar um desestímulo decorrente do esforço que necessita fazer para escrever;
  • Dificuldade de coordenação fina, ou seja, os movimentos dos pequenos músculos;
  • Dificuldade de discriminação visual, apresentando confusão nas letras de direções diferentes como d, b, p, q.
  • Perturbações afetivas que podem ocasionar reações de insucessos;
  • Aparecimento de maior número de sincinesias;
  • Dificuldade de estruturação espacial já que esta faz parte integrante da lateralização. 

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