Criança e diabetes
É principalmente na infância que o diabetes tipo 1 costuma aparecer. Por isso, para superar os efeitos iniciais do estresse, é fundamental que os pais e a criança recém diagnosticada, passem a fazer parte de uma equipe multiprofissional para que aprendam a lidar com o diabetes e, após os ajustes necessários, passam a levar uma vida saudável.
Não é fácil ouvir que o filho está com diabetes. Mas também não pode ser o fim do mundo. É lógico que o estilo de vida, tanto da criança quanto dos pais, vai passar por algumas alterações. No início, é preciso prestar atenção em tudo (depois, você vai se adaptar à nova rotina); quanto (e o quê) comer numa refeição, a medida adequada de qualquer atividade física, a monitorização da glicemia e a dose exata de insulina a ser injetada. Não é fácil para a criança assimilar tantas mudanças que exigirão dos uma dose alta de paciência, conhecimento e sabedoria. Falarão sobre o assunto os pediatras Dr. Durval Damiani, da Unidade de Endocrinologia Pediátrica do Hospital das Clínicas (FM/USP) e a Dra. Elcy Falcão, presidente da Sociedade Pernambucana de Diabetes Juvenil.
Como identificar que a criança está com diabetes?
- Dra. Elcy: Todos os pais que notarem que a criança começa a beber água em excesso, a urinar muito e a ter muita fome, comer exageradamente e não engordar, ao contrário, emagrecer, devem consultar um endocrinologista pediátrico. Esses são os principais sintomas, mas pode acontecer também dela apresentar dores abdominais, fraqueza nas pernas, cansaço, visão mais opaca, culminando com a presença de acetose – a criança apresenta problemas aparentemente respiratórios – que pode evoluir para cetoacidose diabética (coma diabético), ou seja, taxa de glicose muito alta. Porém, só vai acontecer se a criança não for socorrida a tempo. No diabetes tipo 1 é o próprio sistema imunológico que destrói as células fabricantes de insulina. Assim, a reposição dessa substância é fundamental.
Quando os pais devem falar com a criança e explicar o que ela tem?
- Dr. Damiani: O impacto do diagnóstico é sempre doloroso para os pais. Diria que no caso das crianças pequenas, eles sofrem mais do que o filho, que ainda não tem muita noção do que está se passando. Quando a criança tem dois anos, por exemplo, as instruções servem muito mais para os pais. Mas, aos poucos, é importante que a criança seja estimulada e se envolva em atividades educativas. Hoje, a tendência é de que esse aprendizado ocorra de maneira divertida. E as boas novidades não param de surgir – sempre com muita tecnologia. São programas de computador, sites na Internet e até vídeo games, com a finalidade de ajudar os baixinhos a lidar com a nova rotina. Só não dá para mentir para a criança, tapar o sol com a peneira, e buscar alternativas milagrosas.
É fundamental para a saúde que os pais invistam num bom controle?
- Dr. Damiani: Sem dúvida. Não é nenhum monstro de sete cabeças a criança ter diabetes. É importante saber e reconhecer que essa é uma disfunção metabólica perfeitamente controlada e não vai causar nenhum dano, se forem seguidas todas as orientações e propostas prescritas. Há vários exemplos de pessoas bem sucedidas que têm diabetes desde a infância. Não há nada que limite as perspectivas futuras de vida e longevidade. Portanto, nada de viver à sombra. Como tudo na vida, há um preço a pagar se a taxa de glicemia não for bem controlada. Durante dez a quinze anos do surgimento do diabetes, pode não acontecer nada. Passado esse período, as cobranças começam a ser feitas, se o diabetes não tiver sido bem monitorizado, e os juros são as complicações que irão interferir na saúde e na qualidade de vida. Nunca vamos parar de repetir: monitorização e controle adequado são essenciais na infância, na adolescência e na fase adulta.
Por que a educação em diabetes é tão importante?
- Dra. Elcy: O tratamento do diabetes está baseado prioritariamente na educação. Todo o mecanismo maravilhoso que temos hoje em dia não é nada se não for feito um trabalho educativo sobre o tema. Está se chegando à conclusão que a maioria das complicações crônicas ocorrem, porque não foi feito um trabalho de educação em diabetes.
Quais as armas que temos hoje para o bom controle do diabetes na infância?
Dr. Damiani: Inicialmente os pais, e, depois, a própria criança com a supervisão dos pais devem encarar o diabetes, aprender a lidar com as emoções e a conviver com essa disfunção metabólica, e como fazer para manter bem controlada a taxa de glicemia. Há dois picos principais da incidência do diabetes tipo 1: entre os 3 e 4 anos; e 7 e 8 anos. Outro pico é entre os 13 e 15 anos. Mas não há motivo para os pais se alarmarem, porque a ciência está muito avançada e há insulinas de alta qualidade. Agulhas e instrumentos de aplicação sofisticados. Monitores miniaturizados, cuja quantidade de sangue necessária para o teste é mínima. Eventualmente, sistemas de infusão de insulinas.
A alimentação e exercícios ajudam a controlar a glicemia?
Dr. Damiani: Sim, isso é um fato comprovado. A alimentação da criança deve ser balanceada, saudável e natural. As crianças podem comer saladas, arroz, feijão frutas, ou seja, comer de tudo com moderação. Mas cuidado com os doces, pois o açúcar tem absorção rápida e é prejudicial à saúde. Aliás, uma boa dica é seguir esta educação alimentar também nas refeições da família.
É muito importante que a criança tenha sua taxa de glicemia bem controlada, a prática de esportes ajuda muito no tratamento. É fundamental que tanto os pais quanto a criança tenham sempre em mente: Diabetes é perfeitamente controlável e permite uma excelente qualidade de vida.
Como os pais podem agir apara ajudar o convívio da criança com diabetes?
Dra. Elcy: Primeiro, é não ter medo do diabetes e não encará-lo como inimigo. Os pais devem saber que se tratarem corretamente seu filho hoje, amanhã ele terá vida normal como qualquer outra criança. É importante evitar o sentimento de pena. Não tratar com privilégios e nem com piedade porque toma insulina. Não fazer trocas ou recompensar, como por exemplo: se o filho tomar insulina, ou comer tal alimento irá ganhar um presente ou qualquer outra coisa. É uma responsabilidade que a criança tem que ter, e sem trocas nem compensações adicionais.
Os pais devem estar alertas e não permitir transgressões. A criança deve ser tratada igual aos outros irmãos, não como exceção. Não é porque toma insulina e faz monitorização da glicemia, que tem que deixar fazer o que quiser e não ser repreendido. As repreensões que tiverem que ser feitas para um filho que não tem diabetes também devem ser feitas para aquele que tem. Se a criança aprende a bater o pé e os pais permitem, com o passar do tempo os pais não poderão mais controlá-la. Mesmo antes dos filhos, os pais precisam ser disciplinados para poder educar bem uma criança com diabetes.
Fonte: Revista “De Bem com a Vida”, da Roche Diagnóstica.
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Você pode ter um material mais aprofundado sobre esse tema. A Quero Conteúdo disponibiliza dezenas de materiais sobre Fisioterapia para estudantes e profissionais. Entre em contato com nossa consultora clicando na imagem abaixo!
Não é fácil ouvir que o filho está com diabetes. Mas também não pode ser o fim do mundo. É lógico que o estilo de vida, tanto da criança quanto dos pais, vai passar por algumas alterações. No início, é preciso prestar atenção em tudo (depois, você vai se adaptar à nova rotina); quanto (e o quê) comer numa refeição, a medida adequada de qualquer atividade física, a monitorização da glicemia e a dose exata de insulina a ser injetada. Não é fácil para a criança assimilar tantas mudanças que exigirão dos uma dose alta de paciência, conhecimento e sabedoria. Falarão sobre o assunto os pediatras Dr. Durval Damiani, da Unidade de Endocrinologia Pediátrica do Hospital das Clínicas (FM/USP) e a Dra. Elcy Falcão, presidente da Sociedade Pernambucana de Diabetes Juvenil.
Como identificar que a criança está com diabetes?
- Dra. Elcy: Todos os pais que notarem que a criança começa a beber água em excesso, a urinar muito e a ter muita fome, comer exageradamente e não engordar, ao contrário, emagrecer, devem consultar um endocrinologista pediátrico. Esses são os principais sintomas, mas pode acontecer também dela apresentar dores abdominais, fraqueza nas pernas, cansaço, visão mais opaca, culminando com a presença de acetose – a criança apresenta problemas aparentemente respiratórios – que pode evoluir para cetoacidose diabética (coma diabético), ou seja, taxa de glicose muito alta. Porém, só vai acontecer se a criança não for socorrida a tempo. No diabetes tipo 1 é o próprio sistema imunológico que destrói as células fabricantes de insulina. Assim, a reposição dessa substância é fundamental.
Quando os pais devem falar com a criança e explicar o que ela tem?
- Dr. Damiani: O impacto do diagnóstico é sempre doloroso para os pais. Diria que no caso das crianças pequenas, eles sofrem mais do que o filho, que ainda não tem muita noção do que está se passando. Quando a criança tem dois anos, por exemplo, as instruções servem muito mais para os pais. Mas, aos poucos, é importante que a criança seja estimulada e se envolva em atividades educativas. Hoje, a tendência é de que esse aprendizado ocorra de maneira divertida. E as boas novidades não param de surgir – sempre com muita tecnologia. São programas de computador, sites na Internet e até vídeo games, com a finalidade de ajudar os baixinhos a lidar com a nova rotina. Só não dá para mentir para a criança, tapar o sol com a peneira, e buscar alternativas milagrosas.
É fundamental para a saúde que os pais invistam num bom controle?
- Dr. Damiani: Sem dúvida. Não é nenhum monstro de sete cabeças a criança ter diabetes. É importante saber e reconhecer que essa é uma disfunção metabólica perfeitamente controlada e não vai causar nenhum dano, se forem seguidas todas as orientações e propostas prescritas. Há vários exemplos de pessoas bem sucedidas que têm diabetes desde a infância. Não há nada que limite as perspectivas futuras de vida e longevidade. Portanto, nada de viver à sombra. Como tudo na vida, há um preço a pagar se a taxa de glicemia não for bem controlada. Durante dez a quinze anos do surgimento do diabetes, pode não acontecer nada. Passado esse período, as cobranças começam a ser feitas, se o diabetes não tiver sido bem monitorizado, e os juros são as complicações que irão interferir na saúde e na qualidade de vida. Nunca vamos parar de repetir: monitorização e controle adequado são essenciais na infância, na adolescência e na fase adulta.
Por que a educação em diabetes é tão importante?
- Dra. Elcy: O tratamento do diabetes está baseado prioritariamente na educação. Todo o mecanismo maravilhoso que temos hoje em dia não é nada se não for feito um trabalho educativo sobre o tema. Está se chegando à conclusão que a maioria das complicações crônicas ocorrem, porque não foi feito um trabalho de educação em diabetes.
Quais as armas que temos hoje para o bom controle do diabetes na infância?
Dr. Damiani: Inicialmente os pais, e, depois, a própria criança com a supervisão dos pais devem encarar o diabetes, aprender a lidar com as emoções e a conviver com essa disfunção metabólica, e como fazer para manter bem controlada a taxa de glicemia. Há dois picos principais da incidência do diabetes tipo 1: entre os 3 e 4 anos; e 7 e 8 anos. Outro pico é entre os 13 e 15 anos. Mas não há motivo para os pais se alarmarem, porque a ciência está muito avançada e há insulinas de alta qualidade. Agulhas e instrumentos de aplicação sofisticados. Monitores miniaturizados, cuja quantidade de sangue necessária para o teste é mínima. Eventualmente, sistemas de infusão de insulinas.
A alimentação e exercícios ajudam a controlar a glicemia?
Dr. Damiani: Sim, isso é um fato comprovado. A alimentação da criança deve ser balanceada, saudável e natural. As crianças podem comer saladas, arroz, feijão frutas, ou seja, comer de tudo com moderação. Mas cuidado com os doces, pois o açúcar tem absorção rápida e é prejudicial à saúde. Aliás, uma boa dica é seguir esta educação alimentar também nas refeições da família.
É muito importante que a criança tenha sua taxa de glicemia bem controlada, a prática de esportes ajuda muito no tratamento. É fundamental que tanto os pais quanto a criança tenham sempre em mente: Diabetes é perfeitamente controlável e permite uma excelente qualidade de vida.
Como os pais podem agir apara ajudar o convívio da criança com diabetes?
Dra. Elcy: Primeiro, é não ter medo do diabetes e não encará-lo como inimigo. Os pais devem saber que se tratarem corretamente seu filho hoje, amanhã ele terá vida normal como qualquer outra criança. É importante evitar o sentimento de pena. Não tratar com privilégios e nem com piedade porque toma insulina. Não fazer trocas ou recompensar, como por exemplo: se o filho tomar insulina, ou comer tal alimento irá ganhar um presente ou qualquer outra coisa. É uma responsabilidade que a criança tem que ter, e sem trocas nem compensações adicionais.
Os pais devem estar alertas e não permitir transgressões. A criança deve ser tratada igual aos outros irmãos, não como exceção. Não é porque toma insulina e faz monitorização da glicemia, que tem que deixar fazer o que quiser e não ser repreendido. As repreensões que tiverem que ser feitas para um filho que não tem diabetes também devem ser feitas para aquele que tem. Se a criança aprende a bater o pé e os pais permitem, com o passar do tempo os pais não poderão mais controlá-la. Mesmo antes dos filhos, os pais precisam ser disciplinados para poder educar bem uma criança com diabetes.
Fonte: Revista “De Bem com a Vida”, da Roche Diagnóstica.
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